“Subo com muito respeito ao palco. Sempre fui muito bem tratado pelo povo mineiro”. A frase é de Luiz Ferrar. E resume bem a participação do artista no Festival Nacional da Canção. Ele mora em Niterói, no Rio de Janeiro. E na edição de 2018 do Fenac, ficou eternizado na memória do público com apresentações que foram marcadas pela sensibilidade. Luiz Ferrar gosta desse contato, do ato de conversar com as pessoas para a troca de experiências.
O cantor conta que a história dele com a música começou quando entrou para a faculdade de psicologia. “A psicologia e a música nasceram no período que entrei na faculdade. Eu amo cantar”. E, paralelo a música, ele atua na área de Captação e Doação de Órgãos para Transplantes, fazendo um importante trabalho nesse setor. “O artista tem uma posição importante. É a de levar alegria, de ser atuante num processo como esse. Essa é a minha história, gosto de humanidade. Somos carentes nesse tipo de acolhimento”, afirma.
Plantio, música que foi escrita por Arlindo Canto Paixão, foi uma das canções apresentadas no Fenac. Ela era para ter sido apresentada por Luiz Ferrar, mas o artista acabou se dedicando às apresentações durante o intervalo do Festival. A música traduz, de certa forma, o trabalho que Luiz Ferrar se dedica em sua rotina diária. “Eu trabalho com a orientação e o acolhimento das famílias de forma mais lúdica. Falamos desse assunto com muito amor”, afirma Luiz.
Hoje, Luiz Ferrar desenvolve um projeto que se chama “Juntos pela Vida”, no Rio de Janeiro. É uma forma de orientar melhor as famílias que recebem a notícia que o parente necessita da doação de órgãos. Luiz Ferrar explica que esse é um momento em que a família geralmente vive um espaço de crise, principalmente quando é constatada a morte. A presença do psicólogo, nesses casos, é importante para cuidar do luto e da dor da perda. Nas fotos abaixo, esse é o espaço onde Luiz atua com a sua equipe. “A gente se desdobra em orientar no que seria importante e saudável em talvez fazer a doação de órgãos. Aí você vai substituir a tristeza num sentimento de emoção”. O projeto também oferece hoje o plantio de jasmim representando a coragem da família que cedeu o órgão para outra pessoa. Uma iniciativa que emociona e, sem dúvidas, leva conforto às famílias.
“Muitas famílias que chegam desorientadas, chorando, depois que fazem o plantio, elas saem daqui sorrindo, mais aliviadas. Saem daqui com a sensação de dever cumprido. Quando eu fico presente ali, eu abro um livro. Um livro muito simples, chamado gostas de esperança. Depois que a gente planta o jasmim ali, eu peço a família para escolher uma página. Geralmente a página do livro diz sempre alguma coisa em função do que está sendo feito ali, uma palavra de incentivo e de impulso.”
Em outubro, Luiz Ferrar segue para Portugal. Ele vai apresentar em Coimbra dois trabalhos sobre essa área que atua em um Congresso. “A gente tem outras formas de falar quando se trata do ser humano, para que a gente possa viver melhor na nossa vida. Eu acho tão bonito isso. Pra gente tomar muito cuidado quando a gente sai de casa, acho que a gente que pedir muita licença pra vida. Antes de falar de alguém, a gente tem que olhar para os nossos defeitos. Cada um tem direito de escolha: de chorar a hora que quiser, de sofrer a hora que quiser. Mas não tem o direito de ficar nesse lugar pro resto da vida. Então os sentimentos estão ai para serem sentidos e vividos, de forma digna. Assim como a alegria e como todas outras emoções que deixam a gente feliz. Eu não conheço ninguém que ficou feliz da vida ganhando 1 milhão de dólares. Mas, antes de ganhar 1 milhão de dólares, a gente precisa saber o que o universo quer com esse prêmio e porque nós fomos escolhidos pra isso.”