Quem é aquela garota?
Per Raps: Você toca violão, guitarra, cavaco, percussão, canta, compõe e se denomina multi artista. Como isso tudo começou? Desde que idade começou a praticar musica?
Anna Tréa:Sei que despertei para a música muito cedo, mas não tenho um registro mental disso. Lembro de percussões na minha infância, de um bolo de aniversário ser um microfone, de um pandeirão de nylon super pesado. Lembrança real só a do primeiro violão, que foi com oito anos. Mas era um desejo antigo que foi muito comemorado! A guitarra veio com doze anos de idade. Percebendo meu interesse pela música, minha família começou a me dar instrumentos de todos os tipos. Tive MUITO estímulo dos meus pais e de uma tia minha, a que mais me dava coisas de música, tudo o que ela achava e podia me dar, ela dava. Cavaquinho, tambores, chocalhos, tudo.
Per Raps: você foi indicada em uma lista do Geledés como uma das artistas negras para se prestar atenção. Quais são as artistas negras que tem tocado no seu mp3?
Anna Tréa: Nossa, várias! Sara Tavares sempre foi uma referência e é ainda mais depois que a conheci em Recife, uma alma imensa. Sempre cito a Ellen Oléria em tudo porque acho ela muito vigorosa, muito sensível e é minha contemporânea. Clementina de Jesus e Dona Ivone Lara estão sempre rolando também. Tenho um carinho muito especial pela Alaíde Costa, fico feliz que ela tenha voltado a fazer shows! Erikah Badu, Lianne La Havas, Cassandra Wilson, Mayra Andrade, Alcione, Leci Brandão, Sade, muitas.
Per Raps: É maravilhoso ir a um show e ver uma mulher tocando no palco, e com certeza isso inspira também outras mulheres e meninas a irem em frente, hoje em dia conversamos bem mais sobre as barreiras que as mulheres sofrem, sobre o feminismo.. tem sentido alguma mudança nos bastidores em relação á isso?
Anna Tréa:Tenho, sim. Temos muito chão pela frente ainda (muito!), mas sinto mudança. A presença da mulher ainda é muito conceitual, ainda tem muito por quê de ser que não só fazer música. O objetivo maior é estar presente porque sim, porque o som pede meu estilo, porque a gig precisa da minha música. Eu sou só uma ferramenta do som e, coincidentemente, sou mulher. Eu amo muito música. Pensar nesse amor já me arrepia e faz meus olhos encherem d`água, isso é algo incontrolável e muito maior do que “qualquer” coisa, pessoa, lugar, situação. Quando a música começa…
FONTE
www.perraps.com/post/142656315104/entrevista-com-instrumentista-anna-trea