Compor, gravar e produzir músicas sempre foram atividades presentes na vida de Eduardo Praça. Aos 30 anos, o músico paulistano já passou por duas bandas de destaque na cena alternativa, Ludovic e Quarto Negro. A última delas teve seu fim anunciado em março deste ano. “Estar em uma banda é um processo muito desgastante, um convívio muito intenso”, comenta. Agora, ele lança mão desse aprendizado em sua estreia solo com o disco Rio do tempo, sob o codinome Apeles. “Trata-se de um nome artístico. Eu gosto da sonoridade dele. Meu desejo é me diferenciar de meus outros trabalhos”, afirma. O nome foi tirado da inquietante biografia da poeta portuguesa Florbela Espanca (1894-1930). Apeles era seu irmão caçula e a quem ela recorria nos momentos de instabilidade. Como um feixe de luz em meio à tempestade, ele se tornou o mote perfeito para o primeiro álbum solo de Eduardo Praça.
Rio do tempo não é pulsante e verborrágico como o trabalho da Ludovic, mas mantém com a Quarto Negro uma semelhança do tom melancólico e introspectivo. Com 10 faixas, o disco é simétrico e apresenta duas partes bastante definidas demarcadas pelas músicas XVIII I ‘13 e XXV VI ‘16. Dispensando letra e voz, os instrumentais revelam uma parte misteriosa e sombria e outra mais esperançosa e, por vezes, animada. “Elas estão entre a melancolia, a urgência, a nostalgia e a superação e representam datas importantes para mim”, diz o cantor.
INTENÇÕES Essa carta de intenções marca presença também nas canções subsequentes. Vermelha, destaque no quesito harmonia entre letra e arranjo, apresenta imagens líricas de uma mulher intensa em instrumental crescente, que abre espaço para a entrada de violoncelo, e termina de forma abrupta. Já a faixa-título, Rio do tempo, está entre a comédia e o drama, meio-termo alcançado com o uso de sintetizadores e o efeito da reverberação na voz.
O disco traz uma parceria do autor com Hélio Flanders, vocalista do Vanguart, na faixa Clérigo. “Quando compus essa música, minha ideia era convidar uma cantora, mas depois percebemos que seria perfeita para a voz dele, que é um dos melhores cantores do Brasil”, avalia Apeles. Com potencial para agradar os fãs do Vanguart, a música vem embalada pelo clima de ladainha pessimista do disco da banda Boa parte de mim vai embora. FONTE: www.uai.com.br/app/noticia/musica/2017/07/04/noticias-musica,209150/musico-eduardo-praca-lanca-seu-primeiro-album-rio-do-tempo.shtml